sábado, 26 de janeiro de 2013

‎"É mais fácil tirar o povo da 'favela' que a 'favela' do povo"

À primeira vista esse comentário pode nos parecer preconceituoso, "ofensivo". De certa forma, com as devidas ressalvas, concordo com tal afirmativa. Podemos entender a "Favela" aí de diversas formas.. Podemos entendê-la como "falta de educação" no sentido "amplo" da palavra. Por exemplo: o governo pode até criar escolar "melhoradas", tidas como de "referência", porque a estrutura física é bem melhor que as outras, certo. Pode dar tablet's, financiar viagens de intercâmbio internacional, livros didáticos da melhor qualidade, bibliotecas, etc. Mas dependendo da realidade social em que tal escola esteja inserida, pouco vai mudar na qualidade do aprendizado, uma vez que mesmo não estando mais na "favela", a mesma ainda faz parte de grande parte dos alunos, se refletindo no seu modo desrespeitoso de se portar e falta de interesse.. É o que vemos atualmente em sala de aula, especialmente nas escolas periféricas. Nestas grande parte dos alunos só vai à essa escola - mesmo sendo das melhores (de "referencia") - só para garantir o bolsa família, a merenda de qualidade, o tablet e a internet wifi pra acessar o facebook e postar no mesmo a "fila" da prova em tempo real (isso aconteceu em minha escola!). O mesmo acontece quando o povo vendo o metrô limpo, joga saco de pipoca no chão e nos trilhos do trem. Eu fico roxo de raiva quando vejo isso. O centro do Recife tem muito lixo, é verdade.. Mas é bem menos culpa do prefeito a da EMLURB que até limpa o centro, e bem mais culpa do povo mal educado que suja a nossa cidade. É nesse sentido que entendo que é mais fácil tirar o povo da "favela" (= lugar físico), do que tirar a "favela" do povo (modo de pensar e agir). Mas isso é possível? Claro que sim.. Mas necessita-se de muito investimento em serviços básicos de atendimento à população, sobretudo Educação. E mais, é um processo demorado que só começa a dar resultados a médio e longo prazo, o que não interessa a nossas autoridades..

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O exame da OAB e a educação no Brasil

     Outro dia compartilhei no facebook um artigo da Ordem dos Advogados do Brasil apresentando o resultado trágico do exame Ordem e criticando a intenção de alguns parlamentares de acabar com a prova. Pois bem, duas pessoas, uma das quais se apresentou como professor, comentaram o artigo de uma forma totalmente sem conhecimento de causa. Percebe-se pelo argumentaram que nem um dos dois deu-se ao trabalho de ver do que realmente se tratava o conteúdo do artigo intitulado "Exame da Ordem atesta ensino ruim do pais".
     O artigo em si falava da prova da OAB, que avalia os profissionais do Direito depois da conclusão de seu curso. Ele fala que mais de 80% do candidatos são reprovados no exame, simplesmente porque não acertam metade de uma prova com o conteúdo que estudaram durante os cinco anos da graduação. Isso é sintomático.
     A verdade é que nos últimos anos abriu-se grande quantidade de faculdades no Brasil, a maioria das quais sem uma mínima estrutura física e principalmente pedagógica. Muitos professores secundaristas, por terem simplesmente feito uma especialização ou pós-graduação, mesmo  à distância, estão migrando aos montes para a "docência" no Ensino Superior, nessas novas faculdades. Isso porque não existem tantos Doutores de Phd's em quantidade suficiente no Brasil para suprirem essas milhares de vagas em aberto, comprometendo a qualidade do ensino e pesquisa universitária.
    Além do que na maioria dessas instituições não existe mais "Vestibular" admissional; hoje em dia pagou, tá dentro.. Torna-se um estudante universitário que, em grande parte dos casos, não consegue interpretar o que ler e menos ainda se expressar satisfatoriamente por meio da linguagem escrita.
     Qual o resultado disso? O resultado não poderia ser diferente do que vemos atualmente em nosso país: um monte de gente com diploma universitário, mas que não consegue demostrar ao menos 50% do que deveria saber 100%; uma prova da OAB em que mais de 80% dos candidatos são reprovados e um monte (pra não dizer a maioria) das faculdades em que se quer um aluno consegue êxito no exame da Ordem.
     Mas trágico ainda é que se houvesse "provas da ordem" para todos os outros cursos, avaliando os recém formados, certamente em boa parte dos cursos o índice de reprovação superaria o da prova da OAB. Isso é lamentável e sintomático: a educação como um todo no Brasil não vai bem, especialmente nos tempos atuais em que se "universalizou" a educação Básica e se "democratizou" o ensino Superior.